As compressões torácicas, também chamadas manobras de RCP (reanimação cardiopulmonar), são fundamentais no suporte básico de vida (SBV). Quando uma pessoa sofre uma paragem cardiorrespiratória, estas manobras mantêm o fluxo de sangue para o cérebro e coração até chegar ajuda especializada. Saber executá-las pode duplicar ou até triplicar as hipóteses de sobrevivência
O Que São Compressões Torácicas?
Trata‑se de pressionar o tórax, especificamente o esterno, de forma rítmica, para simular o batimento cardíaco externo e manter a circulação. Essa estimulação manual leva oxigénio aos órgãos vitais enquanto se aguarda o socorro
Por que razão as compressões funcionam?
As compressões torácicas substituem temporariamente o trabalho do coração quando este deixa de bater. Ao aplicar pressão no esterno, força-se o sangue a circular pelo corpo, garantindo que o oxigénio continua a ser transportado para os órgãos vitais, como o cérebro. Sem esta ação imediata, a falta de oxigénio pode causar lesões irreversíveis em poucos minutos.
As compressões devem ser constantes e eficazes para manter essa circulação artificial até que a função cardíaca possa ser restabelecida por um desfibrilhador ou por profissionais de emergência.
Quando São Necessárias?
Utilizam‑se sempre que há suspeita de paragem cardiorrespiratória: a vítima não responde, não respira normalmente e não tem pulso. Nestes casos, deve-se primeiro chamar o 112, depois iniciar as compressões.
Durante a chamada para o 112, o técnico do INEM pode orientar, por telefone, uma pessoa sem formação ou experiência prévia a iniciar compressões torácicas contínuas até à chegada da ajuda especializada.
A importância do tempo: cada segundo conta
Quando ocorre uma paragem cardiorrespiratória, a sobrevivência da vítima depende diretamente do tempo de resposta. Estudos indicam que a cada minuto sem reanimação, as hipóteses de sobrevivência diminuem entre 7% e 10%. Após 10 minutos sem qualquer intervenção, o prognóstico torna-se extremamente reservado. Por isso, iniciar compressões torácicas imediatamente — mesmo por alguém sem formação — pode fazer toda a diferença.
Sabia que antes de iniciarmos as compressões torácicas, precisamos de avaliar as condições de segurança para o reanimador?
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Como Fazer Compressões Torácicas: Passo a Passo
- Posicionamento da vítima: deitada de costas em superfície firme.
- Mãos no local certo: coloque o calcanhar da mão no centro inferior do esterno (perto do ponto médio entre os mamilos), intercale os dedos da outra mão por cima. Braços esticados sobre o tórax.
- Frequência e profundidade: comprimir 100 a 120 vezes por minuto, com profundidade entre 5 e 6 cm, sem ultrapassar 6 cm on risco de lesões.
- Recuo total entre compressões: permita que o tórax volte completamente, sem apoiar peso entre elas.
- Minimizar interrupções: ideal manter compressões contínuas, interrompendo apenas se for extremamente necessário.
- Em parceria: se há dois socorristas, troquem a cada 2 minutos para manter a qualidade.
Compressões em crianças e bebés
As manobras de reanimação devem ser adaptadas à idade da vítima. Em crianças entre 1 e 8 anos, utiliza-se uma só mão para realizar as compressões, com profundidade de cerca de 5 cm.
Nos lactentes (menos de 1 ano), devem usar-se dois dedos no centro do tórax, logo abaixo da linha dos mamilos. A frequência deve manter-se entre 100 e 120 compressões por minuto, com cuidado extra para não causar lesões.
O que evitar na realização das compressões
- Compressões superficiais ou lentas.
- Pausas não justificadas ao peito da vítima.
- Apoiar peso sobre o tórax durante recuo.
- Posicionar as mãos fora do centro ou braços flexionados (reduz a força efetiva)
Compressões com ou sem Insuflação (boca a boca)?
Para pessoas sem formação, as compressões contínuas sem ventilação boca-a-boca são recomendadas, especialmente sob orientação do CODU, pois simplificam e aceleram o início da RCP . Pessoas formadas devem alternar 30 compressões com 2 ventilações, conforme as diretrizes do INEM.
Não esquecer: As insuflações devem ser sempre realizadas com proteção para o reanimador, através de uma máscara de reanimação. No caso de não ter garantidas as condições de segurança para si, deve apenas realizar compressões.
A importância da formação regular em SBV-DAE
Embora qualquer pessoa possa iniciar compressões torácicas com a orientação adequada, a formação em Suporte Básico de Vida com Desfibrilhação Automática Externa (SBV-DAE) é fundamental para garantir eficácia e segurança.
Estas formações ensinam técnicas corretas, permitem treinar em cenários simulados e aumentam a confiança em situações reais. Empresas, escolas e instituições públicas devem investir nesta capacitação como parte de uma política de prevenção e segurança.
Legalidade e proteção do reanimador leigo em Portugal
Em Portugal, qualquer cidadão que preste assistência a uma vítima em paragem cardiorrespiratória está legalmente protegido. O Código Penal não pune quem age de boa-fé com o intuito de salvar uma vida, mesmo que a tentativa não seja bem-sucedida. Esta proteção jurídica é um incentivo claro à ação rápida e responsável em situações de emergência.
Conclusão
Saber iniciar compressões torácicas é uma habilidade acessível a todos e pode salvar vidas. Ainda que não substitua formação profissional, tornar-se capaz de atuar num primeiro momento é fazer parte da cadeia de sobrevivência. O ideal é treinar e formar equipes: cada segundo conta.




