Ligar para o 112 pode ser o momento mais decisivo numa situação de risco. Em Portugal, este número único de emergência está disponível gratuitamente em qualquer rede fixa ou móvel, 24h por dia, e mesmo sem cartão SIM ou saldo no telemóvel. O objetivo deste artigo é explicar, de forma detalhada e acessível, como decorre cada etapa da chamada, que entidades estão envolvidas, quais os tempos médios de resposta e qual o papel do cidadão para assegurar uma ação eficaz.
O que é o 112 e quem atende a chamada?
Ao ligar para o 112, a chamada é inicialmente recebida por um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) ou da Guarda Nacional Republicana (GNR), dependendo da zona geográfica. Estes profissionais têm formação específica para realizar uma triagem rápida da emergência, sendo os primeiros a recolher dados essenciais: localização, tipo de situação e número de vítimas.
A sua função é encaminhar o contacto para a entidade competente — como o INEM, os bombeiros ou outra força policial — garantindo que a resposta seja célere e adequada. Este modelo evita demoras e assegura que cada segundo seja aproveitado com eficácia, especialmente em situações críticas como acidentes graves, paragens cardíacas ou crimes em curso.
Triagem inicial da chamada
No momento em que liga 112, o cidadão fala com um agente da PSP ou da GNR que, em menos de 30 segundos, recolhe informação essencial sobre o local, tipo de emergência e estado das vítimas.
Durante a triagem, o operador recolhe:
– Localização: morada ou referência mais próxima;
– Natureza da emergência: médica, incêndio, segurança, etc.;
– Número de vítimas e breve descrição do estado clínico (consciência, respiração);
– Contacto telefónico de retorno.
Esta informação, registada em sistema informático, serve para orientar o envio rápido dos meios mais adequados.
Informação essencial a fornecer na chamada 112
Para assegurar uma intervenção célere, o cidadão deve:
1. Identificar o local com precisão (rua, número, ponto de referência);
2. Descrever a emergência em termos simples (ex.: “queda com perda de consciência”);
3. Informar o estado da vítima (respira, está inconsciente, sangra);
4. Manter a linha aberta até que o operador o indique.
Estas orientações reduzem erros e aceleram a decisão dos técnicos.
Nas formações de SBV e SBV-DAE é explicado como iniciar a cadeia de sobrevivência e a respetiva chamada para o 112.
Encaminhamento para as entidades competentes
Concluída a triagem, a chamada é redireciona para:
– Emergência médica → Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM, conforme portaria n.º 290/2007;
– Incêndio ou protecção civil → corpo de bombeiros local;
– Ocorrência criminal ou de segurança pública → PSP ou GNR, consoante a localização.
No CODU, técnicos de emergência médica decidem se será enviada uma ambulância, uma mota de emergência (VMER) ou um helicóptero, conforme a gravidade dos sintomas e a distância ao local.
Localização automática
Atualmente é possível que no momento da chamada 112, seja determinado automaticamente as coordenadas geográficas de telemóveis em chamadas de emergência. A tecnologia suporta tanto redes móveis (GSM/UMTS/LTE) como chamadas de rede fixa, garantindo que o socorro não dependa exclusivamente da informação verbal do utilizador.
Tempos médios de resposta do INEM
Segundo o relatório anual do INEM, o tempo médio de chegada das viaturas é de:
– Ambulância de socorro: 12 minutos;
– VMER: 8 minutos;
– Helicóptero: 15 minutos, dependendo das condições meteorológicas e da disponibilidade de equipas.
Estes valores podem variar consoante a região e a hora do dia, reforçando a importância de um contacto rápido e correto por parte do cidadão.
Consequências de chamadas indevidas
O Código Penal Português, no Artigo 348-A, considera crime realizar chamadas falsas ou imprudentes para o 112, punível com coima até 3 000 € ou pena de prisão até 1 ano. Em 2023, registaram-se mais de 50 000 coimas por chamadas indevidas, conforme dados da ANEPC.
A importância do desfibrilhador na resposta rápida a emergências cardíacas
Num cenário de paragem cardíaca, cada minuto sem desfibrilhação reduz a probabilidade de sobrevivência em cerca de 10%. Ter um Desfibrilhador Automático Externo (DAE) no local e ser capaz de o utilizar imediatamente pode duplicar — e nalguns estudos até triplicar — as hipóteses de recuperação antes da chegada dos meios do INEM.
Quando um cidadão bem-formado em Suporte Básico de Vida (SBV-DAE) aciona o DAE logo nos primeiros instantes, presta um apoio fundamental às equipas de emergência. Enquanto o CODU coordena o envio de ambulância ou VMER, a desfibrilhação precoce restaura o ritmo cardíaco e preserva a viabilidade cerebral, criando uma janela de tempo crítica para o socorro avançado.
Além disso, pessoas com conhecimentos sólidos de primeiros socorros contribuem de forma decisiva para a eficácia global da cadeia de sobrevivência. Instruções simples — como verificar o pulso, iniciar compressões torácicas ou usar o desfibrilhador — preparam o cenário antes da equipa do INEM assumir o caso, melhorando significativamente os resultados finais.
Perguntas frequentes
1. Como funciona a chamada para o 112?
Ao ligar 112, a chamada é atendida por um agente da PSP ou GNR que realiza uma triagem e reencaminha para o serviço adequado (INEM, bombeiros ou polícia). Durante a chamada, o operador recolhe dados essenciais como localização e tipo de emergência.
2. O 112 funciona mesmo sem saldo ou cartão SIM?
Sim. O número 112 pode ser ligado gratuitamente de qualquer telemóvel, mesmo que esteja sem saldo ou sem cartão SIM inserido.
3. Quem atende a chamada para o 112?
Em Portugal, a chamada é atendida por um agente da PSP ou GNR, dependendo da área de jurisdição. Este operador realiza a triagem inicial e redireciona para o serviço adequado.
4. Que informações devo dar na chamada para o 112?
Deve indicar a localização exata, o tipo de emergência, o número de vítimas e o estado geral de cada uma. Também deve manter a linha aberta até ser informado para desligar.
5. O que acontece depois de ligar para o 112?
Após a triagem inicial, a chamada é reencaminhada para a entidade competente (ex.: INEM). A equipa médica avalia a situação e decide os meios a enviar — ambulância, VMER ou helicóptero.
6. Posso ser punido por fazer uma chamada falsa para o 112?
Sim. Chamadas indevidas ao 112 são crime, puníveis com coimas até 3.000€ ou prisão até 1 ano, conforme o Artigo 348.º-A do Código Penal.
7. Em que situações devo ligar para o 112?
Deve ligar para o 112 apenas em emergências reais: acidentes graves, sintomas de AVC ou enfarte, paragens cardiorrespiratórias, incêndios, agressões ou crimes em curso.
8. O que é o CODU do INEM?
É o Centro de Orientação de Doentes Urgentes, responsável por coordenar as situações médicas emergentes. Os profissionais do CODU avaliam a gravidade da situação e decidem o envio dos meios adequados.
Referências:
- World Heart Federation. (2021). Cardiac Arrest Survival Rates.
Regulamento (CE) n.º 1107/2006 do Parlamento Europeu e do Conselho (Número Europeu de Emergência 112)
Decreto-Lei n.º 74/2007, de 21 de março (regime jurídico do Sistema Nacional de Proteção Civil, que inclui as bases de coordenação do 112)
Portaria n.º 1553-C/2008, de 31 de dezembro (regulamenta a emergência médica pré-hospitalar, incluindo referência ao CODU do INEM)
Portaria n.º 344/2009, de 30 de abril (regime inicial de funcionamento do 112 em Portugal)
Artigo 348.º-A do Código Penal (crime de falsas declarações a autoridade pública, aplica-se a chamadas falsas ao 112)
Portal 112 da ANEPC (página oficial com informação sobre o serviço de resposta ao 112)
“Plano de Atividades 2023” do INEM (tempo médio de resposta do CODU, VMER e ambulâncias)
“Manual de Procedimentos em Emergência Médica” da DGS (orientações sobre informação a fornecer na chamada)
Estatísticas de coimas por chamadas indevidas (dados ANEPC 2023)