Sentar é mais perigoso do que fumar

“Sentar é mais perigoso do que fumar, mata mais pessoas do que o HIV, e é mais insidioso do que o paraquedismo. Estamos sentados até à morte”, diz James Levine, Professor de Medicina numa entrevista ao LA Times. “A cadeira está aqui para nos matar“.

Quando se pensa em algo que pode ser fatal, provavelmente não pensamos na sua cadeira no trabalho. Mas, segundo muitos investigadores, é uma das maiores ameaças para a sua saúde.

A investigação científica mostra que pode reduzir as suas hipóteses de cancro, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, e dores nas costas, tudo com uma simples mudança de estilo de vida: reduzir o tempo que passa sentado.

A expressão “sentar é o novo fumar“, é da autoria do Dr. Levine. Ele não é o único que acredita que nós estamos sentados até à morte. Tem sido crescente o número de investigadores e académicos que o apoiam.

“Não fomos concebidos para nos sentar”, afirma a Dra. Joan Vernikos, antiga directora da Divisão de Ciências da Vida da NASA. “O corpo é uma máquina de movimento perpétuo”.

O Dr. Levine estima que, nos países desenvolvidos, passamos mais de metade das horas sentados, seja a ver televisão, a conduzir, ou sentados a uma secretária no trabalho ou em casa.

Muitas horas sentado e as doenças cardiovasculares

Um interessante estudo feito em 1953 sobre condutores de autocarros londrinos, comparou taxas de doenças cardíaca entre os condutores que estavam sentados o dia todo, com os revisores, que passam o dia de trabalho em pé. A investigação descobriu que os motoristas tiveram muito mais ataques cardíacos e outros problemas do que os revisores.

O Dr. James Levine cita outro estudo que comparou adultos que passavam menos de 2 horas por dia em frente à televisão ou outros tipos de ecrãs com aqueles que viam mais de 4 horas por dia. Aqueles com maior tempo de ecrã tinham:

Um aumento de quase 50% no risco de morte por qualquer causa.

Cerca de 125% de aumento no risco de eventos associados a doenças cardiovasculares, tais como dores no peito (angina) ou ataque cardíaco.

Mesmo quando os investigadores controlavam a quantidade de exercício, as pessoas que se sentavam em excesso, ainda tinham 34% mais probabilidades de desenvolver insuficiência cardíaca do que as que estavam de pé ou em movimento.

A Dra. Deborah Rohm, explica “O risco de insuficiência cardíaca era mais do dobro para os homens que se sentavam pelo menos 5 horas por dia fora do trabalho e não faziam muito exercício, em comparação com os homens que eram fisicamente activos e se sentavam menos de 2 horas por dia”.

Outro estudo da Escola de Saúde Pública Arnold da Universidade da Carolina do Sul, em 2010, mostrou que os homens que reportaram mais de 23 horas por semana de atividade sedentária tinham um risco 64% maior de morrer de doenças cardíacas em comparação com aqueles que reportaram menos de 11 horas por semana.

Conclusão:

É importante que ao longo do dia existam momentos de atividade ou movimentos físicos. No trabalho, nas deslocações, ou em atividades de lazer que interrompam as longas jornadas que estamos sentados, reclinados ou deitados. Afinal, o nosso corpo foi feito para estar em movimento.

Segundo o Eurobarómetro, os portugueses adultos passam em média 9 horas do seu dia (exceto o tempo de sono) sentados, portanto, em risco para este tipo de problemas.

Pratique exercício físico com regularidade, mas sobretudo aproveite para caminhar com regularidade e em que alguns desses momentos sejam por períodos superiores a 30minutos.